quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Um show de edição


Eu assisto Big Brother. Assumo. E quando não assisto um dia, vou à internet conferir o que está rolando “na casa mais vigiada do país”. E quando assisto e gosto, vou saber mais detalhes no site. Só não voto porque a minha irmã faz isso por mim. E sempre soube que é um programa que não acrescenta em nada. E toda vez que eu me sento para assistir lembro do Laurindo Lalo Leal Filho, autor do livro “A TV Sob Controle”, no qual este critica os realityshows.
Segundo Leal uma explosão de reality shows vem ocorrendo na TV, estes porém de realidade têm pouco. São apenas uma aparente flexibilização do “Padrão Globo de Qualidade” Os reality shows seriam marcados pela espontaneidade e pelo improviso, ao invés de se controlar antecipadamente o que vai ao ar. Mas e a edição? Todo mundo sabe que o Big Brother é editado. E o apresentador do programa, Pedro Bial, fez questão de ressaltar esse fato na terça-feira passada. Ele disse “A edição do Big Brother é um show!”. È, eu concordo. Um show de edição! No qual a Globo edita e põe no ar o que deseja. Mais uma vez a manipulação! E velada, escondida sob a capa de edição de reality show.
E tudo bem que já houveram edições mais animadas, mas nessa – que está meio morna – a galera da Globo parece fazer de tudo para esquentar o clima. Gente, até agora não entendi o que foi aquela briga entre Marcelo, Thalita e Fernando. Não lhes pareceu meio forçada? Parece que foi tudo combinado. E agora estão querendo que baixe o cowboy da edição passada no Fernando. Sem contar aquele blábláblá do Bial na eliminação de terça. Vejam só:
“Nessa hora de eliminação, através de várias edições, eu já citei Terêncio, Fernando Pessoa, Manoel Bandeira, Caetano Veloso... alguns gênios! Hoje não...Hoje eu só vou usar frases ditas por vocês mesmos.Bianca,Felipe, Marcelo, é o seguinte:

- Tá todo mundo vendo... não dá pra esconder. Todo mundo vê

- A casa toda não pode estar errada... Não dá! Não dá pra ficar enganando todo mundo.

- Se jogar feio como tá jogando, o Brasil todo vê e não gosta... Em rede nacional... em rede nacional...

- Isso aqui é um jogo... isso aqui é um jogo.

- Não é possível que o público não esteja vendo. Não é possível. Não é possível que a maioria da casa esteja errada.

- Tá tudo gravado. É só ver nas fitas depois... tá tudo gravado.É... não dá pra ficar dizendo as coisas: tá jogando...tá jogando.

Se a pessoa varreu o negócio pra debaixo do tapete, quem mandou levantar poeira? É só olhar nos olhos... e olha, não precisa olhar nem duas vezes. Álias, não vale nem a pena. Não é possível que todo mundo não esteja vendo. Todo mundo está vendo! Por isso, Marcelo, você fica! E não por isso, com 60% dos votos, quem sai é a Bianca.”
O que pareceu? Será que o Bial torce pro Marcelo? Será que ele queria mandar um recado pra alguém? E para quem seria esse recado: Bianca ou Fernando? E, principalmente, será que o Big Brother Brasil é mesmo um reality show? Não seria um edition show?

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Notas de rodapé

* No post do filme "Meu nome não é Johnny" eu disse que João Estrella era traficante, mas não me posicionei a respeito das drogas. Talvez seja até desnecessário falar do quão prejudicial à saúde elas são. Vejamos o caso da Britney. Ela não tem a voz da Whitney Houston nem a simpatia da Yvete Sangalo. Mas era até bonitinha, carismática, virgenzinha e tudo o mais. Se desencaminhou, perdeu a virgindade, teve filho e se envolveu com drogas. Fugiu do esquema ler um livro, plantar uma árvore, ter um filho. Se envolveu com drogas, envolveu com drogas, envolveu com drogas. Perdeu a guarda dos filhos e hoje so aparece na mídia porque ... se envolveu com drogas! Pobre menina. O tóxico não acabou com a vida dela ainda, mas está fazendo a sua parte.
* Mas não é só a Britney. Quantos famosos e anônimos, ricos e pobres, pretos e brancos não vivem esse problema. Por isso que tem que legalizar. Legalizar? Pra vender abertamente na padaria, na peixaria, na loja de doces... Pra ir pro mercado internacional! Uh hu Colômbia! E mais vidas se esvaindo, e a violência aumentando... Assim o BOPE não sobe mais em morro nenhum porque os traficantes legalizados não vão permitir.
* Ainda a respeito do filme. Como usar o cartão corporativo tá na moda, peço solenemente aos senhores ministros: Vamos fazer uma vaquinha. Um dá um pouco, outro um pouco mais, Lula dá a sua parte e todos juntos fazemos uma grande reforma no sistema penitenciário brasileiro. Tá precisando! E o seu reitor colabora! É por uma boa causa. Tudo bem que a maioria dos alunos da UFPI não vão se "misturar", porque têm curso superior. Mas e os clientes do advogados? Nem todo rico tem curso superior.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Esqueci de colocar no post anterior o endereço do blog do verdadeiro João Estrella, taí
http://www.meunomenaoejohnnyfilme.com.br/blogjoao/ ele escreve coisas bem legais... e comungamos de algumas idéias! Amigos, passem lá!
Beijos e até a próxima, que será breve, prometo!

A SIMPATIA DO ANTI-HERÓI


Ontem eu fui assistir “Meu nome não é Johnny”. O filme é excelente. É a indústria cinematográfica brasileira mostrando que é capaz de concorrer com as grandes produções hollywoodianas. A atuação do Selton Mello é brilhante, a da Cléo Pires nem tanto – pra falar a verdade ela me pareceu muito a Lurdinha da “América”.
Baseado em fatos reais, o filme se passa no Rio de Janeiro dos anos 90. Mas podia estar acontecendo ontem. Um jovem que tinha tudo pra “dar certo”, se envolve com drogas e acaba passando de consumidor a traficante. Carismático e cheio de amigos, João Estrella é denunciado e acaba indo pra cadeia.
É aí que começa o seu calvário. Quando eu digo que o filme pode estar acontecendo nesse exato momento eu não minto. A prisão em que João fica é mais do que superlotada. Para conseguir um canto pra ficar ele tem que sair pulando para se desviar dos outros detentos, que estão deitados no chão. A vista grossa da polícia também está presente. Os companheiros de prisão de João quase matam um dos detentos a pauladas e a atitude dos policiais é sair do local onde ocorre a agressão pra não se comprometer, é o popular “vista grossa”. Além disso, o carcereiro recebe “um por fora” – a famosa propina – para trazer lanches da McDonald´s e proporcionar visitas intimas aos detentos que possam pagar “400pratas” por isso. Um brinde ao sistema penitenciário brasileiro! * Lembrei do Zé Simão: Viva o Colírio Alucinógeno!
Mas a juíza mão de ferro – mas nem tanto – acaba representando um alento no meio de tanta corrupção. Tem todo o esquema do tribunal e dias de sessões para julgar o traficante. Ele nega que a droga encontrada em um apartamento seja dele, mas depois – quando seus amigos são quase condenados – ele assume que era o traficante. Um herói, assume sua culpa para salvar os amigos. Um herói, faz um discurso de arrependimento emocionante – que quase me leva ás lágrimas – dizendo que não queria que a sua mãe o visse naquela situação. O seu discurso é o que o salva. Mexe com o emocional da juíza e faz com que ela o encaminhe a um Hospital Penitenciário.
Quando eu vi aquele “hospital” eu R-E-A-L-M-E-N-T-E me perguntei se aquilo ainda poderia existir. Parecia mais um “lixeira humana”. Lembrei da “milha”, a prisão do filme “À espera de um milagre”, que se passa há muitos anos atrás. Muito engraçado quando João diz que está num hospício. Era realmente um hospício, uma miséria humana. Mas é o “hospital-buraco” que o salva. Ou melhor, o que o salva é ele mesmo, porque ali era só um lugar pra ele refletir.
O bom do filme é que o final não é triste. Eu pensei que fosse. Tava até esperando o João ser assassinado na cadeia ou na “lixeira”. Mas ao contrario disso ele deixa o vício e vira produtor musical, é vivo até hoje e fez até uma participação especial no filme.
Só teve uma coisa que me deixou encabulada. Porque que todo herói brasileiro tem que ter um quê macunaímico? Herói sem caráter? Já vi esse filme antes... Acho que o João é parente do Capitão Nascimento. Um herói sem escrúpulos que acaba cativando o público. Ele até pediu pra sair (do mundo das drogas). Eu sei que todo ser humano tem defeitos e qualidades. Mas vamos humanizar menos e retratar mais. Se bem que o João Estrella da “vida real” disse que o filme é bem a realidade, o que aconteceu, como ele era.
Gente, e a criatividade? Vamos fazer um herói bonzinho! Não precisa ser 100% do bem, mas... Por favor, um traficante tão simpático, engraçado, com cara de gente do bem, não dá. Engraçado que ele se droga além da conta e fica normal, nunca parece agressivo ou zangado. Não mostram uma cena dele com cara de drogado, olheiras, quebrando tudo, gritando. As drogas parecem não afeta-lo. O rosto dele antes e depois de usar drogas é sempre o mesmo. Eu senti até vontade de abraçá-lo quando ele estava passeando com os amigos pelo Rio de Janeiro depois de sair do hospício. O Selton Mello arrasou como traficante com aqueles seus trejeitos. Mas aquele cabelinho de anjo parece o do Emanuel – o anjo que ele representou na novela “A Indomada”.
No mais o filme é ótimo. E não tem cenas de sexo, nem tanto palavrão – uma vez que o ambiente em que ocorre é, usando esteriótipo, é regado a um vocabulário bastante chulo. Com tiradas de humor e a cômica atuação do Luís Miranda, é uma boa dica de filme para o fim de semana.